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O Patinho Amarelo

Pernóstico, Sádico e Sarcástico

Assim sem contrato

17 agosto, 2012

Você pára e olha pra alguém, e sorri. Essa pessoa gosta daquela pequena coisa que você, e apenas você, gosta. Ou gosta de tudo o que você gosta. Ou não gosta de nada do que você gosta, mas faz as coisas de um jeito que você gosta.
Você respeita os defeitos dela, se decepciona ocasionalmente, não precisa ter paciência pra ela o tempo inteiro, não precisa compartilhar tudo, não precisa ver sempre.  Mas existe um sentimento fino que os coloca juntos. Você quer estar ao lado dela, quer fazer burrices fenomenais e tê-la como testemunha e cúmplice. Quer ligar pra ela pra falar de alguma coisa completamente irrelevante.
A amizade não é um compromisso. É um sentimento envolvente. Quando vai sumindo, como todo sentimento, você tem o direito de trabalhar para reanimá-la, e quando desaparece sobra um outro sentimento no lugar. Pode porém evoluir para um estágio de irmandade, onde o laço se torna indistinto dos motivos que o fizeram ter amizade, e um sentimento toma a permanência ainda menos comprometida do sentimento consanguíneo. Mas não se pode cobrar amizade, cobrar algo do amigo como se ele devesse algo
apenas por ser amigo: você o escolheu e pode aceitar as limitações do seu altruísmo, sem necessariamente perder a amizade.
Amigos harmonizam diferentemente, como vinhos, um para a festa louca, um para jogar tomando cerveja em casa, um que é ótimo para conselhos amorosos, um que é para happy hour, um que é para todas as horas, com moderação, um que é para levantar você  daquela situação merda.
Como a paixão, a amizade pode consumí-lo, dia e noite, pensamentos, tornar-se compulsão. Pode até mesmo envolver uma sensualização do ser amado. Pode haver sexo. Pode haver absoluta repulsa sexual. Na amizade cabem muitas sensações.
O grande poder de ser amigo é o stand by. Uma amizade não precisa ser contínua. Não se precisa um do outro sempre. Em alguns
momentos estratégicos talvez. Os anos se passam sem uma notícia e um amigo pode permanecer amigo.
A doçura do fim da amizade é clara: Ainda que haja dor no desfazer da relação, a mágoa dura apenas por tanto tempo, e depois  uma espécie de nostalgia cria-se. Uma nostalgia poderosa que faz você lembrar com carinho do seu melhor amigo na alfabetização.
Você não é mais amigo dele, não precisa. Você não sente amizade. Você não faria muito por ele. Mas você sorri.
A amizade faz bem para a saúde. Na verdade te dá anos de vida a mais, previne doenças (sério mesmo, cientificamente comprovado). E a falta de amigos espontâneos te faz tentar se relacionar com as pessoas mais bizarras do mundo, que podem seriamente danificar sua integridade moral.

Da dificuldade de escrever num blog

10 agosto, 2012
Ultimamente tenho sido fortemente compelida a escrever num blog. Professores e pós-graduandos que recomendam a escrita de um blog como aperfeiçoamento da capacidade de comunicação, e como exercício básico para ser um bom qualquer coisa, e para melhorar minha redação científica. Blogueiros que admiro, lembranças de quando eu era criança e queria ser jornalista. Vivo cercada por informações interessantes, pessoas interessantes com histórias interessantes e arte, muita arte, e ciência. Parece que escrever seria tão incrivelmente libertador e bom para todos.
Não tenho dado talvez vazão suficiente à minha personalidade por vias de expressão comuns: não tenho tocado piano ou violão, nem conversado sobre o que quero conversar, nem sou muito capaz de qualquer outra arte que seja eficiente para despertar uma conexão com quem quer que seja.
Movida portanto por essa necessidade de expressão, estava desenhando. Aí olhei pra minha pobre obra e vi a realidade: Sou péssima nisso. Só consigo desenhar curvas e pontas. Então olhando pra essas curvas e pontas eu me toquei que os meus desenhos eram na verdade uma extensão da minha caligrafia. Os ângulos, as inclinações e curvas, tudo refletia obviamente a minha letra. Então tá, está claro: O que eu quero mesmo e gosto e minha tia do colégio elogiava era minha capacidade de escrever.
Por que não consigo então escrever num blog?
Escolhi esse entre 4 ou 5 endereços de blogs que já tive para postar esse texto. Todos adormeceram e ficaram jogados, mas esse é um espaço que foi abandonado milhares de vezes. Esse blog foi criado quando eu tinha o que, 17 anos? Foi abandonado por calouros que (em maioria) nem ficaram nos mesmos cursos, depois abandonado por veteranos, e parece a cada dia elencar autores mais e mais interessantes, porém que escrevem menos e menos sobre si, sobre o mundo, sobre qualquer coisa. Temos uma psicóloga forense, um cineasta, um jornalista, uma doutoranda em ciências... A sede que motivou o surgimento desse blog era política, feminista, ideológica, poética, racional, passional, jovem. Nessa época eu era cercada de convicções. Convicções estéticas e opiniões sobre quase tudo.
Hoje quando eu penso em escrever um post sobre política, sinto que tenho conhecimento limitado, sobre arte, sobre literatura, sobre qualquer coisa pareço não ter "background" suficiente para minha opinião valer qualquer esforço em ler um texto, numa época em que a leitura de textos é um esforço reservado para poucos. Quando penso em escrever sobre ciência, receio não conseguir ser interessante, nem ter uma clareza visual de qualquer coisa na natureza que me faça descrevê-la perfeitamente, como gostaria de ler.
Parece que com tanta informação pelo mundo, mais centrada, mais completa, não faz sentido escrever sobre algo sem ser expert. E minha expertise se restringe a um assunto: eu mesma.
Não escrevo blogs porém possuo todas as redes sociais que conheço, e alimento pessoas com imagens interessantes no Pinterest, atualizações de status sobre toda e qualquer coisa no facebook (pois ali não é preciso ter fundamentos sólidos para sua opinião (?!)), links interessantes no twitter, reblogs no tumblr, e até minha opinião sobre episódios de enlatados americanos no orangotag.
A verdade é que perdi a capacidade de escrever com responsabilidade. De escrever com coragem para estar provavelmente errada. De compartilhar a vida em mais de um parágrafo. E gasto minha capacidade de expressão em meios superficiais, e sinto essa crescente necessidade de me comunicar de verdade. Meu mal do século é um vício em drama dos outros, gifs, e "digite aqui o que você está pensando". - Vamos, "digite aqui o que você está pensando". Não escreva para alguém, escreva pra todos, aguarde ansiosamente ser lida por aqueles que acessarem esta rede dentro das próximas horas, aguarde ansiosamente um like ou RT dos seus conhecidos. Acredite que você está fazendo contato.
Escrevi esse post aqui porque lamento ter perdido, ou nunca ter tido, o poder de escrever regularmente sobre qualquer coisa sem medo, e ser interessante, e não ser egocêntrica. Lamento não ter um blog funcional que diga um pouco sobre muito que vejo.  Mas recentemente pareço estar empenhada em tentar.
Aceito sugestões de como construir textos de verdade nesse mundo de conversas e opiniões banais.
Abraços,

M. F.



Corrigindo Ditos Populares I

18 agosto, 2011

Projeto pessoal que eu tô fazendo, e um modo de desenterrar o Patinho também. 

Thyagu.



POR ONDE ANDAM OS PATITOS!!

08 agosto, 2010
Pobre patinho amarelo, sempre tão abandonado, sempre tão sozinho. Mia Culpa. Infelizmente é dificil manter uma febre de escrever. Hora tenho muito o que falar, minutos não. Diria segundos, porque em poucos minutos tenho muitas idéias a realizar e piadas a "gracejar", mas, a maravilhosa e geniosa ideia com potencial de mudar o mundo simplesmente foge na primeira palavra que escrevo. Maldita velocidade do pensamento que não permite aos dedos acompanharem.

A solução? Escrever por improviso. No cinema ando praticando isto. É muito mais importante e valioso quando  funciona. Este texto por exemplo, está sendo escrito palavra por palavra sem a miníma noção do que será no final.

Ele começou como um desejo repentino de falar dos meus amigos patinhos amarelos que infelizmente dispersaram sua adorável matéria pelo mundo e eu aqui, morrendo de saudades, desejo felicidade àquilo que tenho na memória. Seja um cheiro, uma fotografia no meu orkut, enfim. Alguns deles eu nem falo com frequência. Minha querida Mary Fouleaux, agora sofrendo na gema dos cariocas é a que está mais distante, e acompanhar o seu blog é um maravilhoso exercício de saudade velada.

Pobre Benjamim Salgado, amigo querido que sempre fico feliz em encontrar, companheiro cineasta, é uma figura que só me trás boas energias em momentos rápidos. A tempos não o vejo.
Outros não vejo com constância mas estão próximos. Thyagu Dizalenda, co-fundador do blog. Passa por motivos óbvios de dificuldade. Não há como cobrar que ele escreva. Mas poderia cobrar mais frequência em minha vida, pois muito me faz falta o meu melhor amigo.

J. K. Wasvuden é minha irmã então não tenho nada o que falar sobre ela, já que mora comigo. Srta. O. Q. Crick, por onde andas? Irmã de criação - por muito tempo frequentadora da minha casa.

E meu nada alienável amigo Hellsing D. Marcus que a muito venho tentando contato, anda pelos mundos aeronaúticos e espero que breve à casa retorne, de preferência saltando de paraquedas e com muito estardalhaço de janelas.

Enfim, dificil conter a tristeza de ver o patinho abandonado. Mas deixo aqui esse pequeno e saudoso opinatório como forma de faze-lo um pouco respirar.

A pouco mais de um mês "re-li"(?) todos os "postes"(??) antigos, e apaguei alguns meus que eram de opinião de muito mal gosto e principalmente mal escriptos. Outros me surpreenderam muito por seu conteudo e estilistica. Não só meus, mas os dos nossos patixistas camaradas também. No meu caso especial, eram bons demais para uma pessoa que sempre ia para a recuperação final em redação. Talvez fosse essa liberdade, tão boa, tão visada e mal interpretada que fizesse o patinho amarelo respirar ares de nova onda literária-humoristica-revolucionária!!!!

Não, o patinho não voltou. Ele está aqui sempre, para os saudosistas como eu ou um pobre diabo que botar a palavra "Discurso de José Serra" no google. Sim, este é o motivo de tanto acesso, quase 20 por dia.

Não prometerei  mais escrever com frequência, pois é muito doloroso para mim que sou muito exigente (comigo mesmo). Mas sinceramente vou fazer algo pelas novas gerações. Republicarei algumas postagens - As melhores do grupos para que os jovens bloggeiros vejam o que fomos e sintam que em algum recanto do Recife e Rio há mentes muito criativas e revolucionárias...Estes são os meus amigos.

GALILEU FIKAPORAY

O Discurso de José Serra!

11 abril, 2010
Este ano a coisa está preta. Sem ninguém para votar, fico assim, perdido. A critica é muito importante, mas não ter uma alternativa outra senão a anarquia é um pouco sufocante. Hoje, foi a hora e a vez de José Serra e sua demagogia paulistana. Com um discurso integralista - claramente verborrágico para quem conhece a mentalidade da elite paulistana - ele tenta resolver o grande calo do PSDB em seu projeto de poder, conquistar a periferia do Brasil. Antes de criticar este projeto de poder, publicarei aqui o "MARAVILHOSO" discurso hipócrita de um hipócrita.


"O Brasil pode mais
Venho hoje, aqui, falar do meu amor pelo Brasil; falar da minha vida; falar da minha experiência; falar da minha fé; falar das minhas esperanças no Brasil. E mostrar minha disposição de assumir esta caminhada. Uma caminhada que vai ser longa e difícil mas que com a ajuda de Deus e com a força do povo brasileiro será com certeza vitoriosa. (YES WE CAN!)
Alguns dias atrás, terminei meu discurso de despedida do Governo de São Paulo afirmando minha convicção de que o Brasil pode mais. Quatro palavras, em meio a muitas outras. Mas que ganharam destaque porque traduzem de maneira simples e direta o sentimento de milhões de brasileiros: o de que o Brasil, de fato, pode mais. E é isto que está em jogo nesta hora crucial!
Nos últimos 25 anos, o povo brasileiro alcançou muitas conquistas: retomamos a Democracia, arrancamos nas ruas o direito de votar para presidente, vivemos hoje num país sem censura e com uma imprensa livre. Somos um Estado de Direito Democrático. Fizemos uma nova Constituição, escrita por representantes do povo. Com o Plano Real, o Brasil transformou sua economia a favor do povo, controlou a inflação, melhorou a renda e a vida dos mais pobres, inaugurou uma nova Era no Brasil (A das privatizações desnecessárias, do sucateamento das universidades públicas, etc). Também conquistamos a responsabilidade fiscal dos governos. Criamos uma agricultura mais forte, uma indústria eficiente e um sistema financeiro sólido. Fizemos o Sistema Único de Saúde, conseguimos colocar as crianças na escola, diminuímos a miséria, ampliamos o consumo e o crédito, principalmente para os brasileiros mais pobres (os ricos agradecem). Tudo isso em 25 anos. Não foram conquistas de um só homem ou de um só Governo, muito menos de um único partido. Todas são resultado de 25 anos de estabilidade democrática, luta e trabalho. E nós somos militantes dessa transformação, protagonistas mesmo, contribuímos para essa história de progresso e de avanços do nosso País. Nós podemos nos orgulhar disso.
Mas, se avançamos, também devemos admitir que ainda falta muito por fazer. E se considerarmos os avanços em outros países e o potencial do Brasil, uma conclusão é inevitável: o Brasil pode ser muito mais do que é hoje.
Mas para isso temos de enfrentar os problemas nacionais e resolvê-los, sem ceder à demagogia, às bravatas ou à politicagem (Ouviram? Desliguem a televisão, fechem a janela deste blog! Basta de demagogia, bravata e politicagem!). E esse é um bom momento para reafirmarmos nossos valores. Começando pelo apreço à Democracia Representativa, que foi fundamental para chegarmos aonde chegamos. Devemos respeitá-la, defendê-la, fortalecê-la. Jamais afrontá-la.
Democracia e Estado de Direito são valores universais, permanentes, insubstituíveis e inegociáveis. Mas não são únicos. Honestidade, verdade, caráter, honra, coragem, coerência, brio profissional, perseverança são essenciais ao exercício da política e do Poder. É nisso que eu acredito e é assim que eu ajo e continuarei agindo. Este é o momento de falar claro, para que ninguém se engane sobre as minhas crenças e valores. É com base neles que também reafirmo: o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais (Yes We Can).
Governos, como as pessoas, têm que ter alma (Espirito de Porco!). E a alma que inspira nossas ações é a vontade de melhorar a vida das pessoas que dependem do estudo e do trabalho, da Saúde e da Segurança (Veja o exemplo da educação de São Paulo, e o saneamento, e o trânsito e a poluição!). Amparar os que estão desamparados.
Sabem quantas pessoas com alguma deficiência física existem no Brasil? Mais de 20 milhões - a esmagadora maioria sem o conforto da acessibilidade aos equipamentos públicos e a um tratamento de reabilitação. Os governos, como as pessoas, têm que ser solidários com todos e principalmente com aqueles que são mais vulneráveis.
Quem governa, deve acreditar no planejamento de suas ações. Cultivar a austeridade fiscal, que significa fazer melhor e mais com os mesmos recursos. Fazer mais do que repetir promessas. O governo deve ouvir a voz dos trabalhadores e dos desamparados, das mulheres e das famílias, dos servidores públicos e dos profissionais de todas as áreas, dos jovens e dos idosos, dos pequenos e dos grandes empresários, do mercado financeiro, mas também do mercado dos que produzem alimentos, matérias-primas, produtos industriais e serviços essenciais, que são o fundamento do nosso desenvolvimento, a máquina de gerar empregos, consumo e riqueza (Muita, muita riqueza!).
O governo deve servir ao povo, não a partidos e a corporações que não representam o interesse público. Um governo deve sempre procurar unir a nação. De mim, ninguém deve esperar que estimule disputas de pobres contra ricos, ou de ricos contra pobres. Eu quero todos, lado a lado, na solidariedade necessária à construção de um país que seja realmente de todos.
Ninguém deve esperar que joguemos estados do Norte contra estados do Sul, cidades grandes contra cidades pequenas, o urbano contra o rural, a indústria contra os serviços, o comércio contra a agricultura, azuis contra vermelhos, amarelos contra verdes. Pode ser engraçado no futebol (Engraçado o que? Futebol é Guerra!). Mas não é quando se fala de um País. E é deplorável que haja gente que, em nome da política, tente dividir o nosso Brasil (Vejam meu próximo escrito sobre a divisão do país).
Não aceito o raciocínio do nós contra eles. Não cabe na vida de uma Nação. Somos todos irmãos na pátria. Lutamos pela união dos brasileiros e não pela sua divisão. Pode haver uma desavença aqui outra acolá, como em qualquer família. Mas vamos trabalhar somando, agregando (Importando mão-de-obra nordestina, chamando porteiros de paraíba e questionando a eficácia da descentralização dos serviços de energia!). Nunca dividindo. Nunca excluindo. O Brasil tem grandes carências. Não pode perder energia com disputas entre brasileiros. Nunca será um país desenvolvido se não promover um equilíbrio maior entre suas regiões. Entre a nossa Amazônia, o Centro Oeste e o Sudeste. Entre o Sul e o Nordeste. Por isso, conclamo: Vamos juntos. O Brasil pode mais. O desenvolvimento é uma escolha. E faremos essa escolha. Estamos preparados para isso.
Ninguém deve esperar que joguemos o governo contra a oposição, porque não o faremos (Demagogia!). Jamais rotularemos os adversários como inimigos da pátria ou do povo. Em meio século de militância política nunca fiz isso. E não vou fazer. Eu quero todos juntos, cada um com sua identidade, em nome do bem comum (O Lucro).
Na Constituinte fiz a emenda que permitiu criar o FAT, financiar e fortalecer o BNDES e tirar do papel o seguro-desemprego - que hoje beneficia 10 milhões de trabalhadores. Todos os partidos e blocos a apoiaram. No ministério da Saúde do governo Fernando Henrique tomei a iniciativa de enviar ou refazer e impulsionar seis projetos de lei e uma emenda constitucional - a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Agência Nacional de Saúde, a implantação dos genéricos, a proibição do fumo nos aviões e da propaganda de cigarros, a regulamentação dos planos de saúde, o combate à falsificação de remédios e a PEC 29, que vinculou recursos à Saúde nas três esferas da Federação - todos, sem exceção, aprovados pelos parlamentares do governo e da oposição. É assim que eu trabalho: somando e unindo, visando ao bem comum. Os membros do Congresso que estão me ouvindo, podem testemunhar: suas emendas ao orçamento da Saúde eram acolhidas pela qualidade, nunca devido à sua filiação partidária. (Ponto pra Serra)
Se o povo assim decidir, vamos governar com todas e com todos, sem discriminar ninguém. Juntar pessoas em vez de separá-las; convidá-las ao diálogo, em vez de segregá-las; explicar os nossos propósitos, em vez de hostilizá-las. Vamos valorizar o talento, a honestidade e o patriotismo em vez de indagar a filiação partidária .
Minha história de vida e minhas convicções pessoais sempre estiveram comprometidas com a unidade do país e com a unidade do seu povo. Sou filho de imigrantes, morei e cresci num bairro de trabalhadores que vinham de todas as partes, da Europa, do Nordeste, do Sul (Um século antes de Serra nascer, é claro). Todos em busca de oportunidade e de esperança.
A liderança no movimento estudantil me fez conhecer e conviver com todo o Brasil logo ao final da minha adolescência. Aliás, na época, aprendi mesmo a fazer política no Rio, em Minas, na Bahia e em Pernambuco, aos 21 anos de idade. O longo exílio me levou sempre a enxergar e refletir sobre o nosso país como um todo.
Minha história pessoal está diretamente vinculada à valorização do trabalho, à valorização do esforço, à valorização da dedicação. Lembro-me do meu pai, um modesto comerciante de frutas no mercado municipal: doze horas de jornada de trabalho nos dias úteis, dez horas no sábado, cinco horas aos domingos. Só não trabalhava no dia 1 de janeiro. Férias? Um luxo, pois deixava de ganhar o dinheiro da nossa subsistência. Um homem austero, severo, digno. Seu exemplo me marcou na vida e na compreensão do que significa o amor familiar de um trabalhador: ele carregava caixas de frutas para que um dia eu pudesse carregar caixas de livros (As quais ainda não entregou nas escolas paulistas, como prometido).
E eu me esforço para tornar digno o trabalho de todo homem e mulher, do ser humano como ele foi. Porque vejo a imagem de meu pai em cada trabalhador. Eu a vi outro dia, na inauguração do Rodoanel, quando um dos operários fez questão de me mostrar com orgulho seu nome no mural que eu mandei fazer para exibir a identidade de todos os trabalhadores que fizeram aquela obra espetacular. Por que o mural? Por justo reconhecimento e porque eu sabia que despertaria neles o orgulho de quem sabe exercer a profissão. Um momento de revelação a si mesmos de que eles são os verdadeiros construtores nesta nação.
Eu vejo em cada criança na escola o menino que eu fui, cheio de esperanças, com o peito cheio de crença no futuro (em breve, também, decepcionado) . Quando prefeito e quando governador, passei anos indo às escolas para dar aula (de verdade) à criançada da quarta série. Ia reencontrar-me comigo mesmo. Porque tudo o que eu sou aprendi em duas escolas: a escola pública e a escola da vida pública. Aliás, e isto é um perigo dizer, com freqüência uso senhas de computador baseadas no nome de minhas professoras no curso primário (Dizem que Satiagraha era o nome de uma delas). E toda vez que escrevo lembro da sua fisionomia, da sua voz, (MÚSICA DE FUNDO, FADE OUT COM FUSÃO - INICIO DAS  MEMÓRIAS DA INFÂNCIA, PRETO E BRANCO, SALA DE AULA, A VOZ DE SERRA CONTINUA NARRANDO ENQUANTO A IMAGEM DE UMA PROFESSORA FELIZ , COM UM SORRISO NO ROSTO, LÊ ALGO AOS ALUNINHOS - CLOSE EM UM PIRRALHO MAGRELO E FEIO, É SERRA, ELE COCHILA, FADE...) do seu esforço, e até das broncas, de um puxão de orelhas, quando eu fazia alguma bagunça 
Mas é por isso tudo que sempre lutei e luto tanto pela educação dos milhões de filhos do Brasil. No país com que sonho para os meus netos, o melhor caminho para o sucesso e a prosperidade será a matrícula numa boa escola (Isso não é um problema para quem tem dinheiro), e não a carteirinha de um partido político. E estou convencido de uma coisa: bons prédios, serviços adequados de merenda, transporte escolar, atividades esportivas e culturais, tudo é muito importante e deve ser aperfeiçoado. Mas a condição fundamental é a melhora do aprendizado na sala de aula, propósito bem declarado pelo governo, mas que praticamente não saiu do papel. Serão necessários mais recursos. Mas pensemos no custo para o Brasil de não ter essa nova Educação em que o filho do pobre freqüente uma escola tão boa quanto a do filho do rico. Esse é um compromisso.
É preciso prestar atenção num retrocesso grave dos últimos anos: a estagnação da escolaridade entre os adolescentes. Para essa faixa de idade, embora não exclusivamente para ela, vamos turbinar o ensino técnico e profissional, aquele que vira emprego. Emprego para a juventude, que é castigada pela falta de oportunidades de subir na vida. E vamos fazer de forma descentralizada, em parcerias com estados e municípios, o que garante uma vinculação entre as escolas técnicas e os mercados locais, onde os empregos são gerados (Pois é, educação para criar burros de carga. Se educação educasse de verdade - ninguém votava!). Ensino de qualidade (três pontos?) e de custos moderados (Ou seja, nada de ensino de excelência), que nos permitirá multiplicar por dois ou três o número de alunos no país inteiro, num período de governo. Sim, meus amigos e amigas, o Brasil pode mais.
Podemos e devemos fazer mais pela saúde do nosso povo. O SUS foi um filho da Constituinte que nós consolidamos no governo passado, fortalecendo a integração entre União, Estados e Municípios; carreando mais recursos para o setor; reduzindo custos de medicamentos; enfrentando com sucesso a barreira das patentes, no Brasil e na Organização Mundial do Comércio; ampliando o sistema de atenção básica e o Programa Saúde da Família em todo o Brasil; prestigiando o setor filantrópico sério, com quem fizemos grandes parcerias, dos hospitais até a prevenção e promoção da Saúde, como a Pastoral da Criança; fazendo a melhor campanha contra a AIDS do mundo em desenvolvimento; organizando os mutirões; fazendo mais vacinações; ampliando a assistência às pessoas com deficiência; cerceando o abuso do incentivo ao cigarro e ao tabaco em geral. E muitas outras coisas mais. De fato, e mais pelo que aconteceu na primeira metade do governo, a Saúde estagnou ou avançou pouco. Mas a Saúde pode avanç ar muito mais. E nós sabemos como fazer isso acontecer.
Saúde é vida, Segurança também. Por isso, o governo federal deve assumir mais responsabilidades face à gravidade da situação. E não tirar o corpo fora porque a Constituição atribui aos governos estaduais a competência principal nessa área. Tenho visto gente criticar o Estado Mínimo, o Estado Omisso. Concordo. Por isso mesmo, se tem área em que o Estado não tem o direito de ser mínimo, de se omitir, é a segurança pública (Opa! Licença Serra, mas você pulou as propostas para a saúde...). As bases do crime organizado estão no contrabando de armas e de drogas (Vide PCC), cujo combate efetivo cabe às autoridades federais. Ou o governo federal assume de vez, na prática, a coordenação efetiva dos esforços nacionalmente, ou o Brasil não tem como ganhar a guerra contra o crime e proteger nossa juventude.
Qual pai ou mãe de família não se sente ameaçado pela violência, pelo tráfico e pela difusão do uso das drogas? As drogas são hoje uma praga nacional. E aqui também o Governo tem de investir em clínicas e programas de recuperação para quem precisa e não pode ser tolerante com traficantes da morte. Mais ainda se o narcotráfico se esconde atrás da ideologia ou da política. Os jovens são as grandes vítimas. Por isso mesmo, ações preventivas, educativas, repressivas (Isso Serra sabe fazer bem) e de assistência precisam ser combinadas com a expansão da qualificação profissional e a oferta de empregos.
Uma coisa que precisa acabar é a falsa oposição entre construir escolas e construir presídios (Pois é, as duas são instituições totais mesmo!*). Muitas vezes, essa é a conversa de quem não faz nem uma coisa nem outra. É verdade que nossos jovens necessitam de boas escolas e de bons empregos, mas se o indivíduo comete um crime ele deve ser punido. Existem propostas de impor penas mais duras aos criminosos. Não sou contra, mas talvez mais importante do que isso seja a garantia da punição. O problema principal no Brasil não são as penas supostamente leves. É a quase certeza da impunidade (Vide os politicos). Um país só tem mais chance de conseguir a paz quando existe a garantia de que a atitude criminosa não vai ficar sem castigo.
Eu quero que meus netos cresçam num país em que as leis sejam aplicadas para todos. Se o trabalhador precisa cumprir a lei, o prefeito, o governador e o presidente da República também tem essa obrigação. Em nosso país, nenhum brasileiro vai estar acima da lei, por mais poderoso que seja. Na Segurança e na Justiça, o Brasil também pode mais.
Lembro que os investimentos governamentais no Brasil, como proporção do PIB, ainda são dos mais baixos do mundo em desenvolvimento. Isso compromete ou encarece a produção, as exportações e o comércio. Há uma quase unanimidade a respeito das carências da infra-estrutura brasileira: no geral, as estradas não estão boas (E os pedágios salgados), faltam armazéns, os aeroportos vivem à beira do caos, os portos, por onde passam nossas exportações e importações, há muito deixaram de atender as necessidades. Tem gente que vê essas carências apenas como um desconforto, um incômodo. Mas essa é uma visão errada. O PIB brasileiro poderia crescer bem mais se a infra-estrutura fosse adequada, se funcionasse de acordo com o tamanho do nosso país, da população e da economia.
Um exemplo simples: hoje, custa mais caro transportar uma tonelada de soja do Mato Grosso ao porto de Paranaguá do que levar a mesma soja do porto brasileiro até a China. Um absurdo. A conseqüência é menos dinheiro no bolso do produtor, menos investimento e menos riqueza no interior do Brasil. E sobretudo menos empregos. (obs: Até agora nada de Reforma Agrária, perceberam?)
Temos inflação baixa, mais crédito e reservas elevadas, o que é bom, mas para que o crescimento seja sustentado nos próximos anos não podemos ter uma combinação perversa de falta de infra-estrutura, inadequações da política macroeconômica, aumento da rigidez fiscal e vertiginoso crescimento do déficit do balanço de pagamentos. Aliás, o valor de nossas exportações cresceu muito nesta década, devido à melhora dos preços e da demanda por nossas matérias primas. Mas vai ter de crescer mais. Temos de romper pontos de estrangulamento e atuar de forma mais agressiva na conquista de mercados. Vejam que dado impressionante: nos últimos anos, mais de 100 acordos de livre comércio foram assinados em todo o mundo. São um instrumento poderoso de abertura de mercados. Pois o Brasil, junto com o MERCOSUL, assinou apenas um novo acordo (com Israel), que ainda não entrou em vigência!
Da mesma forma, precisamos tratar com mais seriedade a preservação do meio-ambiente e o desenvolvimento sustentável (Oh! Com a bancada ruralista aponhando Serra, isto vai ser facílimo!!). Repito aqui o que venho dizendo há anos: é possível, sim, fazer o país crescer e defender nosso meio ambiente, preservar as florestas, a qualidade do ar a contenção das emissões de gás carbônico (vide São Paulo). É dever urgente dar a todos os brasileiros saneamento básico (idem), que também é meio ambiente. Água encanada de boa qualidade, esgoto coletado e tratado não são luxo (Ou seja, totalmente desnecessários!). São essenciais. São Saúde. São cidadania. A economia verde é, ao contrário do que pensam alguns, uma possibilidade promissora para o Brasil. Temos muito por fazer e muito o que progredir, e vamos fazê-lo.
Também não são incompatíveis a proteção do meio ambiente e o dinamismo extraordinário de nossa agricultura, que tem sido a galinha de ovos de ouro do desenvolvimento do país, produzindo as alimentos para nosso povo, salvando nossas contas externas, contribuindo para segurar a inflação e ainda gerar energia! Estou convencido disso e vamos provar o acerto dessa convicção na prática de governo. Sabem por quê? Porque sabemos como fazer e porque o Brasil pode mais! (Reforma Agrária!? Nunca!)
O Brasil está cada vez maior e mais forte. É uma voz ouvida com respeito e atenção. Vamos usar essa força para defender a autodeterminação dos povos e os direitos humanos, sem vacilações. Eu fui perseguido em dois golpes de estado, tive dois exílios simultâneos, do Brasil e do Chile. Sou sobrevivente do Estádio Nacional de Santiago, onde muitos morreram. Por algum motivo, Deus permitiu que eu saísse de lá com vida. Para mim, direitos humanos não são negociáveis. Não cultivemos ilusões: democracias não têm gente encarcerada ou condenada à forca por pensar diferente de quem está no governo. Democracias não têm operários morrendo por greve de fome quando discordam do regime.
Nossa presença no mundo exige que não descuidemos de nossas Forças Armadas e da defesa de nossas fronteiras. O mundo contemporâneo é desafiador. A existência de Forças Armadas treinadas, disciplinadas, respeitadoras da Constituição e das leis foi uma conquista da Nova República. Precisamos mantê-las bem equipadas, para que cumpram suas funções, na dissuasão de ameaças sem ter de recorrer diretamente ao uso da força e na contribuição ao desenvolvimento tecnológico do país.
Como falei no início, esta será uma caminhada longa e difícil (Espero que impossível). Mas manteremos nosso comportamento a favor do Brasil. Às provocações, vamos responder com serenidade; às falanges do ódio que insistem em dividir a nação vamos responder com nosso trabalho presente e nossa crença no futuro. Vamos responder sempre dizendo a verdade. Aliás, quanto mais mentiras os adversários disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles.
O Brasil não tem dono. O Brasil pertence aos brasileiros que trabalham (sei); aos brasileiros que estudam (sortudos); aos brasileiros que querem subir na vida (gananciosos); aos brasileiros que acreditam no esforço (exploradores); aos brasileiros que não se deixam corromper (lobbistas); aos brasileiros que não toleram os malfeitos (publicitários); aos brasileiros que não dispõem de uma 'boquinha' (gulosos); aos brasileiros que exigem ética na vida pública porque são decentes (hipócritas); aos brasileiros que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida (o Brasil não tem dono).
Este é o povo que devemos mobilizar para a nossa luta; este é o povo que devemos convocar para a nossa caminhada; este é o povo que quer, porque assim deve ser, conservar as suas conquistas, mas que anseia mais. Porque o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais. E, por isso, tem de estar unido. O Brasil é um só.
Pretendo apresentar ao Brasil minha história e minhas idéias. Minha biografia. Minhas crenças e meus valores. Meu entusiasmo e minha confiança. Minha experiência e minha vontade.
Vou lhes contar uma coisa. Desde cedo, quando entrei na vida pública, descobri qual era a motivação maior, a mola propulsora da atividade política (Poder?). Para mim, a motivação é o prazer (Safadinho). A vida pública não é sacrifício (oxe, é mamata), como tantos a pintam, mas sim um trabalho prazeroso (vide beneficios dos politicos). Só que não é o mero prazer do desfrute. É o prazer da frutificação (lucro). Não é um sonho de consumo (fetiche). É um sonho de produção e de criação. Aprendi desde cedo que servir é bom, nos faz felizes, porque nos dá o sentido maior de nossas existências, porque nos traz uma sensação de bem estar muito mais profunda do que quaisquer confortos ou vantagens propiciados pelas posições de Poder. Aprendi que nada se compara à sensação de construir algo de bom e duradouro para a sociedade em que vivemos (Golf Clubes e British Country Association, por exemplo), de descobrir soluções para os problemas reais das pessoas, de fazer acontecer.
O grande escritor mineiro Guimarães Rosa, escreveu: O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Concordo. É da coragem que a vida quer que nós precisamos agora.
Coragem para fazer um projeto de País, com sonhos, convicções e com o apoio da maioria.
Juntos, vamos construir o Brasil que queremos, mais justo e mais generoso. Eleição é uma escolha sobre o futuro. Olhando pra frente, sem picuinhas, sem mesquinharias, eu me coloco diante do Brasil, hoje, com minha biografia, minha história política e com. esperança no nosso futuro. E determinado a fazer a minha parte para construir um Brasil melhor. Quero ser o presidente da união. Vamos juntos, brasileiros e brasileiras, porque o Brasil pode mais


IEISSS UIIIII KENNNN!!!!




*PARA SABER MAIS SOBRE INSTITUIÇÕES TOTAIS LEIAM "MANICÔMIOS, PRISÕES E CONVENTOS" DE IRVING GOFFMAN E TAMBÉM "VIGIAR E PUNIR" DE MICHEL FOUCAULT.

JESUS CRUCIFICADO, do livro "Temporais" de Gibran Khalil Gibran

02 abril, 2010
Hoje, e em cada Sexta-feira santa, a humanidade acorda de seu sono profundo e, de pé ante as sombras dos séculos, olha através das lágrimas o Monte do Gólgota para ver Jesus crucificado em sua cruz...Mas assim que o sol se põe, a humanidade volta a ajoelhar-se perante os ídolos que se erguem sobre todos os montes.

Hoje, guiadas pela recordação, as almas dos cristãos dirigem-se de todos os cantos do mundo às cercanias de Jerusalém para contemplar uma sombra coroada de espinhos, que estende os braços até o infinito e penetra, através do véu da morte, as profundezas da vida. Mas, mal o manto da noite tenha descido sobre o palco do dia, os cristão voltam a deitar-se à sombra do esquecimento, embalados pela ignorância e a indolência.

Hoje, e em cada Sexta-feira Santa, os filósofos abandonam suas grutas escuras, os pensadores, seus eremitérios frios, e os poetas, seus vales de quimeras, para se reunirem numa alta montanha e escutarem, calados e reverentes, um jovem dizer de seus assassinos: "Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem". Mas, mal a quietude tenha apagado os ruídos do dia, os filósofos, pensadores e poetas voltam a envolver suas almas nas mortalhas de livros gastos.

As mulheres distraídas pelo brilho da vida, apaixonadas por jóias e vestidos, saem hoje de suas casa para ver a mulher dolorida, de pé frente a cruz como uma árvore flexível frente às tempestades do inverno.

Os jovens e as jovens que se deixam levar pela corrente da vida sem saber aonde vão, param hoje um instante para contemplar a Madalena lavando com suas lágrimas o sangue que mancha os pés do homem erguido entre a terra e o céu.

Mas, quando se cansam desse espetáculo, desviam os olhos e continuam seu caminho entre risadas.

Num dia como este, todos os anos, a humanidade acorda com o despertar da primavera e chora pelos sofrimentos de Cristo; mas, depois, fecha os olhos e se entrega a um sono profundo.

A humanidade é uma mulher que se deleite em se lamentar sobre os heróis dos séculos. Se fosse homem, regozijar-se-ia pela sua grandeza e suas glórias.

A humanidade vê Jesus o Nazareno nascendo e vivendo como pobre, ofendido como um fraco, crucificado como um criminoso, e chora-o e lamenta-o. E é tudo o que ela faz.

Há dezenove séculos que os homens adoram a fraqueza na pessoa de Jesus, conquanto Jesus fosse um forte. Mas eles não compreendem o sentido da verdadeira força.

Jesus não viveu como um covarde, nem morreu sofrendo e queixando-se. Viveu como um revolucionário, e foi crucificado como um rebelde, e morreu como um herói.

Não era Jesus um pássaro de asas partidas, mas uma tempestade violenta que quebra como sua força todas as asas tortas.

Jesus não veio de além do horizonte azul para fazer da dor o símbolo da vida, mas para fazer da vida o símbolo da verdade e da liberdade.

Jesus não receou seus perseguidores, e não temeu seus inimigos, e não sofreu nas mãos de seus executores, mas era livre à face de todos, audaciosos para com a injustiça e a tirania: quando via tumores pútridos, puncionava-os, quando ouvia o mal falar, impunha-lhe silêncio; quando encontrava a hipocrisia, esmagava-a.

Jesus não desceu do mundo da luz para destruir as nossas casas e, com suas pedras, cosntruir conventos e eremitérios. Não veio para tirar os homens fortes de suas ocupações e fazer deles monges e padres. Mas veio para insuflar na atmosfera deste mundo uma alma nova e forte que destrói, até as fundações, os tronos elevados sobre os crânios, e desmantela os palácios erguidos sobre os túmulos, e derruba os ídolos impostos aos espíritos fracos dos humildes.

Jesus não veio ensinar aos homens a elevar igrejas suntuosas ao lado de casebres miseráveis e de habitações frias e escuras, mas veio para fazer do coração do homem um templo, e de sua alma um altar, e de sua mente um sacerdote.

Eis o que Jesus o Nazareno fez, e eis os princípios que pregou e pelos quais se deixou crucificar por sua própria vontade. E se os homens fossem mais penetrantes, celebrariam a data de hoje com alegria, e risos, e canções de vitória e de triunfo.

E tu, gigante crucificado, que olhas do alto do Gólgota a caravana dos séculos, que ouves o tumulto dos povos, que compreendes os sonhos da eternidade, tu és, sobre tua cruz manchada de sangue, mais majestoso e mais soberbo que mil reis com mil tronos com mil reinos. E tu és, entre a agonia e a morte, mais poderoso e mais temível que mil generais com mil exércitos e mil troféus.

Tu és, na tua melancolia, mais alegre que a primavera com suas flores. Tu és, nas tuas dores, mais sereno que os anjos em seu paraíso. Tu és, na mão dos carrascos, mais livre que a luz do sol.

A coroa de espinhos em tua cabeça é mais formosa e mais augusta que a coroa de Buhram, e o prego na palma da tua mão é mais imponente que o cetro de Muchtary. E as gotas de sangue que correm em teus pés são mais brilhantes que as jóias de Astarté.

Perdoa, pois, a esses fracos que se lamentam sobre ti, em vez de se lamentarem sobre si mesmos. Perdoa-lhes porque não sabem que venceste a morte pela morte, e deste vida aos que estão nos túmulos.


VERDADE SOBRE NÓS POR GRAMSCI.

02 fevereiro, 2010
"Os intelectuais de tipo rural são, em sua maior parte, "tradicionais", isto é, ligados à massa social camponesa e pequeno-burguesa das cidades (notadamente dos centros menores), ainda não elaborada e movimentada pelo sistema capitalista: esse tipo de intelectual põe em contato a massa camponesa com a administração estatal ou local (advogados, tabeliães, etc) e, por essa mesma ação, possui uma grande função politico-social, já que a mediação profissional dificilmente se separa da mediação política. Além disso: no campo, o intelectual (padre, advogado, professor, tabelião, médico, etc) possui um padrão de vida médio superior, ou, pelo menos, diverso daquele do médio camponês, e representa, por isso, para esse camponês, um modelo social na aspiração de sair de sua condição e de melhorá-la. O camponês acredita sempre que pelo menos um de seus filhos pode se tornar intelectual (notadamente padre), isto é, tornar-se um senhor, elevando o nível social da familia e facilitando sua vida econômica pelas ligações que não poderá deixar de estabelecer com os outros senhores (...)"


ANTONIO GRAMSCI.


Para os Recifense, Pernambucanos, Nordestinos e Interioranos do Brasil, comentários não são necessários.


TRECHO RETIRADO DO LIVRO, "OS INTELECTUAIS E A ORGANIZAÇÃO DA CULTURA", de ANTONIO GRAMSCI.